O que significa subemprego?  

O subemprego é um fenômeno econômico e social que afeta milhões de trabalhadores em todo o mundo, especialmente em países emergentes e marcados por desigualdades.

Este termo é usado para descrever situações em que o profissional está empregado, mas em ocupações que não aproveitam plenamente as suas habilidades/competências ou que não oferecem uma remuneração suficiente para suprir suas necessidades básicas. Ele também abrange empregos informais, temporários ou de meio período que não garantem direitos trabalhistas como férias remuneradas, licença saúde e previdência.

Ao contrário do desemprego, o subemprego representa uma forma de inserção no mercado de trabalho que, à primeira vista, pode parecer vantajosa, mas que, na realidade, perpetua diversas desigualdades, impactando profundamente a qualidade de vida dos trabalhadores, o desenvolvimento econômico e o progresso social.

Quer saber mais sobre este assunto? Siga a leitura e conheça os tipos de subemprego, suas causas, consequências e sua relação com o pilar social do ESG (Environmental, Social, and Governance).

Os principais tipos de subemprego

Os diferentes tipos de subemprego refletem a complexidade desse fenômeno e como ele impacta de forma variada os profissionais.

  • Subemprego visível

Caracteriza-se por jornadas de trabalho reduzidas/parciais, em que o trabalhador está empregado, mas por menos horas do que gostaria ou necessita para se sustentar.
Muitas vezes, essas pessoas precisam acumular dois ou mais empregos para alcançar uma renda mínima.

  • Subemprego invisível

Ocorre quando um profissional qualificado não encontra trabalho na sua área de formação e aceita empregos que não utilizam 100% das suas habilidades.
Isso frequentemente resulta em remunerações muito abaixo do padrão esperado para sua qualificação.

  • Subemprego por desistência

Refere-se aos trabalhadores que abandonam a busca por emprego em sua área após longos períodos de frustração.
Eles acabam se afastando do mercado de trabalho, especialmente em tempos de crises econômicas ou transformações tecnológicas.

Quais são as causas e consequências do subemprego?

As causas do subemprego são diversas, mas, em sua essência, refletem problemas estruturais. Crises econômicas – como a gerada pelo estouro da bolha imobiliária em 2008 – frequentemente aumentam o número de subempregados, pois as empresas reduzem custos ao demitir trabalhadores e substituir empregos formais por posições precárias.

Além disso, mudanças tecnológicas constantes e a automação de processos deixam muitos profissionais desatualizados ou inadequados para as novas demandas do mercado, forçando-os a migrarem para empregos que não utilizam suas habilidades. Vale ainda destacar que a baixa qualificação também limita as opções de emprego, especialmente em setores formais e regulamentados.

O impacto do subemprego é sentido tanto pelos profissionais quanto pela sociedade. Para as pessoas, a falta de direitos trabalhistas e a baixa remuneração comprometem a estabilidade financeira e, portanto, a qualidade de vida. Sem acesso à previdência social, muitos subempregados são obrigados a continuar trabalhando mesmo na terceira idade (+65 anos).

No âmbito social e econômico, este fenômeno perpetua desigualdades e dificulta a mobilidade social. Ele reduz a produtividade global da força de trabalho e ainda limita o potencial de crescimento sustentável das economias. Fora isso, grupos já vulneráveis, como mulheres, negros, pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+ e indígenas, são desproporcionalmente afetados, acentuando problemas preexistentes.

O subemprego e seu impacto no desenvolvimento sustentável

O subemprego representa um verdadeiro entrave para o desenvolvimento sustentável, especialmente quando analisado sob a lente dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Por impactar diretamente em metas como a erradicação da pobreza (ODS 1) e a promoção do trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8), o subemprego – e por consequência, a precarização das relações de trabalho – criam barreiras para que os trabalhadores alcancem melhores condições de vida, perpetuando a exclusão.

Além disso, a falta de estabilidade financeira limita o acesso à educação, qualificação profissional, saúde e outros direitos básicos, prejudicando o progresso social.

No contexto do ESG, o subemprego se relaciona ao pilar social, que exige das empresas responsabilidade em promover trabalho decente, justo e inclusivo. Organizações que toleram ou se beneficiam de práticas associadas a este fenômeno social contribuem para a perpetuação de desigualdades e ainda podem sofrer danos reputacionais e legais.

Como enfrentar o subemprego?

A solução para este fenômeno exige esforços coordenados entre governos, empresas e sociedade civil. Algumas estratégias incluem:

  • Sensibilização social

A conscientização sobre os impactos do subemprego é o primeiro passo para que a sociedade pressione governos e empresas a tomarem medidas concretas e eficazes quanto a este problema.

  • Investimentos em educação e qualificação

Governos e empresas devem investir em programas para preparar os trabalhadores para os desafios do mercado de trabalho contemporâneo, especialmente em áreas afetadas pela automação e pelas mudanças tecnológicas.

Medidas como incentivos fiscais para a contratação de profissionais formais podem ajudar a reduzir o subemprego e a informalidade.

  • Valorização de direitos trabalhistas

É essencial fortalecer as legislações, como a CLT, que protegem os trabalhadores e garantir que todas as ocupações ofereçam direitos básicos, como salário mínimo, férias remuneradas e previdência social.

  • Parcerias

As organizações devem adotar critérios e práticas alinhados ao ESG, como a oferta de oportunidades de emprego verdadeiramente decentes, além de promoverem a diversidade e apoiarem a educação contínua dos profissionais.

Embora o subemprego possa parecer uma solução de curto prazo para enfrentar o desemprego, ele perpetua desigualdades e fragilidades estruturais no mercado de trabalho. Para garantir um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, é essencial que governos, empresas e a sociedade trabalhem juntos para reduzir o subemprego, promovendo condições de trabalho dignas e inclusivas.

Ao abordar este fenômeno como um problema social e econômico, a integração de princípios ESG e ODS pode ser um passo importante para um futuro mais justo e sustentável. Afinal, o desenvolvimento de uma sociedade começa com o respeito e a valorização de sua força de trabalho.

Crédito da imagem: Fernando Frazão – Agência Brasil

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