O que é sindicalismo e qual a sua origem?

O sindicalismo é um movimento social e político que visa a organização coletiva dos trabalhadores em sindicatos – associações formadas por pessoas de uma mesma categoria profissional, como metalúrgicos, professores ou enfermeiros – com o propósito de defender e promover seus direitos e interesses.

Este movimento surgiu como uma resposta à exploração e à falta de proteção social enfrentados durante a Revolução Industrial. Com o advento do capitalismo e a migração massiva de pessoas do campo para as cidades, formou-se uma nova classe: o proletariado, oposta à classe capitalista. Neste cenário, os trabalhadores enfrentavam jornadas laborais extensas, salários irrisórios e condições de trabalho precárias. Buscando mudar esta realidade, surgiram as primeiras associações, que posteriormente se formalizaram como sindicatos.

Siga a leitura para saber mais sobre a importância e o papel do movimento sindical no Brasil, e como o sindicalismo se relaciona com a agenda ESG.

A importância do sindicalismo

Historicamente, os sindicatos têm sido essenciais na conquista de direitos trabalhistas e de condições de trabalho dignas, como a jornada laboral de oito horas, o descanso semanal remunerado e a segurança no trabalho. Além disso, estas associações atuam como intermediários entre os profissionais e os empregadores, facilitando o diálogo e a negociação de acordos que beneficiam ambas as partes.

Entre as principais conquistas dos sindicatos destacam-se:

Direitos trabalhistas

Acesso a salários justos, férias remuneradas, licenças maternidade e paternidade, entre outros.

Negociação coletiva

Estabelecimento de acordos que melhoram as condições laborais e os benefícios para os trabalhadores.

Proteção social

Criação e expansão de sistemas de seguridade social, que contemplam, entre outras coisas, o seguro-desemprego e a aposentadoria.

Igualdade e não discriminação

Redução das desigualdades salariais e combate à discriminação racial, étnica e de gênero no local de trabalho.

Melhoria das condições laborais

Garantia de ambientes laborais seguros e saudáveis, além de políticas de conciliação entre vida pessoal e profissional.

O panorama do sindicalismo no Brasil

Nacionalmente, o sindicalismo começou a se organizar no final do século XIX, impulsionado pelo desenvolvimento econômico e pela transformação das lavouras de café em indústrias. A situação precária dos trabalhadores nas primeiras fábricas brasileiras levou à formação destas organizações.

A história deste movimento no Brasil é marcada por momentos de grande mobilização e luta, especialmente entre as décadas de 1930 e 1950 e após o fim da Ditadura Militar, na década de 1980. Além disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), sancionada em 1943 por Getúlio Vargas, foi um marco importante, pois regulamentou as relações de trabalho e estabeleceu direitos fundamentais para a classe.

O movimento sindical brasileiro também enfrentou desafios ao longo das décadas, incluindo momentos de repressão e a crise causada pelas mudanças econômicas e pela globalização na virada do século. Apesar disso, os sindicatos continuam a desempenhar um papel crucial na luta por melhores condições de trabalho e na defesa dos direitos dos trabalhadores.

Por que o sindicalismo merece a atenção da nova geração de trabalhadores?

Atualmente, a taxa de sindicalização entre os jovens – ou seja, pessoas ​​entre 15 e 29 anos de idade – é de cerca de 5%, enquanto a média geral é de 9%. Essa discrepância reflete um desafio significativo para o movimento sindical, que precisa não apenas entender, mas abordar as razões dessa baixa adesão e trabalhar para que este cenário seja revertido.

Entre os mais jovens, os principais motivos para a baixa adesão à sindicalização incluem:

Informalidade

Muitos deles ingressam no mercado de trabalho em setores informais, especialmente o de serviços, que não oferecem proteção social e que não são cobertos por sindicatos.

Individualismo

O trabalho informal tem sido visto como uma forma de empreender e buscar soluções individuais para os problemas, deixando as lutas coletivas de lado.

Baixa percepção de valor

A falta de conhecimento sobre os benefícios oferecidos pelos sindicatos pode afastar os jovens do sindicalismo.

Para enfrentar esses desafios, é crucial que os sindicatos se adaptem às novas realidades do mercado de trabalho. Este processo pode incluir a promoção de campanhas educativas, a renovação dos serviços oferecidos e o fortalecimento da presença em setores emergentes e informais.

Qual é a relação entre o sindicalismo e o pilar social do ESG?

O conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) – Ambiental, Social e de Governança – abrange políticas e práticas que visam promover a sustentabilidade e a responsabilidade social nas organizações e no mercado de trabalho. Seu pilar social se concentra, entre outras coisas, em aspectos relacionados ao tratamento justo dos trabalhadores, diversidade, inclusão e segurança.

Assim, o sindicalismo está intimamente ligado ao pilar ‘S’ do ESG, pois promove a justiça social ao lutar por melhores condições laborais, contribuindo para uma sociedade mais justa. Em adição, os sindicatos defendem os direitos dos trabalhadores, garantindo que estes sejam respeitados. Outro aspecto importante é o fomento à inclusão e à diversidade, uma vez que, por meio de sua atuação, estas associações promovem a igualdade no local de trabalho e combatem a discriminação.

A participação sindical, portanto, é uma parte fundamental da responsabilidade social corporativa e da promoção de práticas de trabalho éticas e justas. Ao apoiar os sindicatos, tanto as empresas quanto os profissionais contribuem para um ambiente laboral mais inclusivo e equitativo, alinhado com os princípios do ESG.

O sindicalismo é um movimento essencial na defesa dos direitos dos trabalhadores e na promoção de condições laborais justas e seguras. No Brasil, sua história é marcada por lutas e conquistas significativas que moldaram as condições de trabalho atuais. Para construir um futuro mais sustentável, é fundamental que todos os profissionais, especialmente os jovens, reconheçam a importância dos sindicatos e se envolvam ativamente na defesa de seus direitos e interesses.

Crédito da imagem: Marcelo Camargo – Agência Brasil

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