O que é empregabilidade?
O termo “empregabilidade” refere-se à capacidade de um indivíduo de obter, manter e se destacar em um emprego. Essa habilidade vai além da mera presença no mercado de trabalho, abrangendo também a valorização do profissional e sua capacidade de se adaptar às mudanças e exigências.
Desenvolvido no final da década de 1990 por José Augusto Minarelli, especialista em recolocação e aconselhamento de carreira, o conceito se tornou central nas discussões sobre o mundo do trabalho, especialmente em um cenário global de constantes mudanças econômicas e tecnológicas.
A alta empregabilidade é benéfica não apenas para os trabalhadores, que alcançam maior estabilidade financeira e desenvolvimento profissional, mas também para as empresas. Organizações que contratam pessoas que possuem esta habilidade tendem a observar aumentos significativos na produtividade e também na competitividade.
Quer entender mais sobre empregabilidade, conhecer mais detalhes do panorama brasileiro e quais fatores a impactam? Siga a leitura!
O panorama atual da empregabilidade no Brasil
No Brasil, a empregabilidade ganha uma relevância particular devido à instabilidade econômica e à desigualdade social que afetam diretamente o mercado de trabalho.
De acordo com os dados mais recentes, a taxa de desemprego no país foi de 7,9% no primeiro trimestre de 2024, um número que – embora indique uma recuperação em relação aos piores momentos da pandemia de Covid-19 – ainda revela uma situação de instabilidade. Vale lembrar que essa taxa varia significativamente conforme o setor e a região do país, com uma concentração maior de empregos formais no setor de serviços e na Região Sudeste.
Outro aspecto a ser destacado é que o país ainda enfrenta grandes desafios relacionados à empregabilidade em setores que exigem alta qualificação. Embora o número de mestres e doutores tenha crescido, eles ainda representam uma parcela pequena da força de trabalho em comparação a outras nações, o que limita o potencial de inovação e desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil.
Apesar disso, esses profissionais mantêm uma empregabilidade significativamente maior do que a média brasileira, destacando a importância da educação superior na construção de uma carreira sólida.
Pesquisas mostram que entre 2009 e 2021, o número de empregos formais para mestres cresceu 139%, e para doutores, 192%, muito acima do crescimento do emprego formal total no Brasil, que foi de 26%. Esses dados revelam uma tendência de valorização da qualificação, mesmo em um cenário de crise.
Empregabilidade e o pilar social ‘S’ do ESG
Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) – Ambiental, Social e de Governança – tem ganhado destaque, e as empresas têm sido pressionadas a adotar práticas sustentáveis e socialmente responsáveis.
A promoção da empregabilidade dentro das diretrizes sociais do ESG implica que as empresas busquem, além do lucro, o bem-estar da sociedade, da comunidade em que estão inseridos e, é claro, de seus próprios funcionários. Isso inclui garantir que os profissionais tenham acesso a oportunidades de capacitação, desenvolvimento e condições de trabalho justas e inclusivas.
As empresas que investem em empregabilidade como parte de sua estratégia ESG constroem uma reputação positiva no mercado, atraindo talentos e conquistando a confiança de consumidores e investidores que valorizam práticas empresariais responsáveis. Em um país como o Brasil, onde a desigualdade ainda é um problema significativo, o compromisso com a empregabilidade pode ser um diferencial competitivo e ainda um caminho para a construção de uma sociedade mais igualitária.
Na perspectiva ESG, o desenvolvimento da empregabilidade, portanto, não é apenas responsabilidade do indivíduo, mas também das empresas e do Estado. Cabe às organizações investirem em programas de capacitação contínua e oferecer oportunidades de crescimento profissional, enquanto o governo deve criar políticas públicas que facilitem o acesso à educação e ao treinamento, essenciais para que os trabalhadores se mantenham competitivos no mercado.
Qual o impacto da tecnologia na empregabilidade?
A tecnologia tem transformado rapidamente o mercado de trabalho, e, assim, influenciado diretamente a empregabilidade. No Brasil, a transformação digital está remodelando diversos setores, desde o agronegócio até a indústria de serviços, exigindo que os profissionais adquiram novas habilidades para se manterem competitivos.
O aumento da automação e da inteligência artificial, por exemplo, tem, segundo estudos recentes, potencial para substituir muitas funções tradicionais, especialmente em áreas de baixa qualificação. Isso impõe um grande desafio à empregabilidade, pois profissionais com formação insuficiente ou desatualizada correm o risco de se tornarem obsoletos no mercado de trabalho.
Por outro lado, a tecnologia também cria novos nichos e demanda por habilidades especializadas, como programação, análise de dados e cibersegurança. Profissionais que conseguem se adaptar a essas novas demandas encontram oportunidades significativas de crescimento e valorização. A chave para manter e aumentar a empregabilidade em um mundo cada vez mais digital é a flexibilidade – ou seja, estar aberto a mudanças, seja adquirindo novas habilidades, explorando diferentes áreas ou ajustando-se às novas tecnologias – e o aprendizado contínuo, alinhando-se às novas exigências do mercado de trabalho.
Empregabilidade jovem: como garanti-la?
A empregabilidade jovem é um tema de extrema importância no Brasil, onde uma parcela significativa deste grupo enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Entre os jovens de 14 a 24 anos, a falta de experiência, o baixo nível de escolaridade e a falta de oportunidades são barreiras constantes.
A promoção da empregabilidade jovem requer uma abordagem integrada, envolvendo escolas, empresas e políticas públicas que criem um ambiente propício para a formação e inserção dos jovens no mercado. Entre as ações a serem desenvolvidas estão:
- Programas de aprendizagem: iniciativas como o Jovem Aprendiz e estágios em empresas são portas de entrada importantes para os jovens.
- Empreendedorismo: o crescimento do empreendedorismo entre os jovens, muitas vezes impulsionado pela tecnologia, tem sido uma alternativa para aqueles que enfrentam dificuldades de inserção no mercado tradicional.
- Educação: a expansão do ensino técnico e profissionalizante pode melhorar significativamente as chances de empregabilidade dos jovens, especialmente em setores que demandam habilidades específicas.
Como visto, a empregabilidade é um conceito dinâmico, profundamente influenciado por fatores sociais, econômicos e tecnológicos. Integrar políticas de empregabilidade às práticas ESG, investir em tecnologia e promover a inclusão são estratégias essenciais para construir um mercado de trabalho mais justo, competitivo e sustentável. Ao fazer isso, empresas e profissionais não apenas garantem seu sucesso, mas também contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país.
Crédito da imagem: Freepik