O que são relações de trabalho?

O que realmente caracteriza uma relação de trabalho?

As relações de trabalho são fundamentais para a estrutura econômica e social atual.

De forma clara, as relações de trabalho referem-se à interação/dinâmica entre as pessoas que prestam serviços e aqueles que os contratam, podendo se manifestar de diversas formas que não necessariamente implicam um vínculo formal de emprego, mediante a pagamento de salário, e com a presença da pessoalidade e insubstituibilidade.

A relação de trabalho pode existir mesmo quando algum dos critérios mencionados não se aplica. Esse é o caso de trabalhadores autônomos, temporários, freelancers, estagiários e outros tipos de prestação de serviços. É importante ressaltar que, a partir da Emenda Constitucional nº 45, todas as disputas sobre estas relações são agora analisadas pela Justiça do Trabalho, buscando garantir a proteção de direitos dos profissionais.

Quer saber mais? Siga a leitura para entender melhor sobre as relações de trabalho, suas diferentes modalidades e a evolução histórica no Brasil, e como se alinham ao pilar social do ESG (Environmental, Social, and Governance).

Quais são os diferentes tipos de relações de trabalho?

O mundo do trabalho se transformou e segue se transformando, e com ele, a diversidade de formas de relações de trabalho. Cada uma delas apresenta características, direitos e obrigações específicas, moldando como as pessoas se inserem e interagem no mercado.

Entre os principais tipos de relações estão:

  • Relação de emprego

    Envolve um vínculo empregatício e caracteriza-se pela subordinação, habitualidade, pessoalidade e salário. Os direitos dos empregados estão garantidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), incluindo férias, 13º salário e seguro-desemprego.

  • Relação de trabalho autônomo

    O trabalhador presta serviços de forma independente, não se subordinando ao empregador em termos de horários ou local de trabalho. Aqui, não há vínculo empregatício, e o trabalhador assume a responsabilidade por seus encargos tributários e previdenciários.

  • Trabalho temporário

    Utilizado para atender a necessidades transitórias de serviços. Esse tipo de relação é regulamentado e deve ter uma duração específica.

  • Trabalho eventual

    Prestação de serviços que ocorre em situações específicas e não se caracteriza por habitualidade, podendo ser esporádica.

  • Trabalho avulso

    Realizado sem vínculo permanente e é geralmente oferecido por meio de intermediários.

  • Estágio e voluntariado

    O estágio é uma forma de trabalho com foco na formação e aprendizado, enquanto o voluntariado envolve serviços prestados de forma gratuita, por vontade própria, geralmente em organizações sem fins lucrativos (ONGs).

A evolução das relações de trabalho no Brasil

A história das relações de trabalho no Brasil está profundamente ligada às transformações sociais e econômicas do país. A Primeira Revolução Industrial, que começou no final do século XVIII, trouxe mudanças significativas, incluindo a migração de uma economia agrária para uma industrial. Esse processo resultou na criação de um novo modelo de trabalho, caracterizado pela impessoalidade e repetitividade.

No Brasil, o contexto colonial e a escravidão moldaram as relações de trabalho até o século XIX, quando a abolição da escravidão em 1888 deu início a uma nova fase. O surgimento da CLT em 1º de maio de 1943 – durante o governo Vargas – representou um marco importante, oferecendo proteção legal aos trabalhadores e regulamentando, em especial, as relações de emprego.

A partir de então, houve uma consolidação dos direitos trabalhistas, embora ainda haja desafios, especialmente no que diz respeito à informalidade e à precarização do trabalho.

Nos últimos anos, a globalização, a automação e a tecnologia têm impactado profundamente as relações de trabalho. A transformação digital, acelerada pela pandemia de Covid-19, popularizou o home office e outros modelos de trabalho alternativos, como a prestação de serviços via plataformas digitais. Desde então, essa nova configuração requer uma adaptação contínua tanto por parte dos trabalhadores como dos empregadores.

A linha entre vida pessoal e profissional se tornou mais tênue, levando a um aumento da carga horária e da pressão sobre os profissionais. Além disso, a crescente dependência de plataformas digitais e do trabalho por demanda, apesar de proporcionar flexibilidade, levantou questões sobre a falta de direitos trabalhistas, como o acesso a benefícios e a proteção contra demissões arbitrárias.

As relações de trabalho e o pilar social do ESG

As relações de trabalho desempenham um papel central no pilar social do ESG, uma vez que a forma como as empresas se relacionam com os profissionais reflete diretamente sua cultura organizacional e responsabilidade social.
Companhias genuinamente alinhadas ao pilar S e que, portanto, priorizam boas práticas de gestão nas relações de trabalho não apenas cumprem a legislação vigente, mas também se destacam em um mercado cada vez mais consciente e exigente. Neste cenário, cabe a elas:

  • Promover a transparência nas relações de trabalho

    Garantir que suas políticas e práticas trabalhistas sejam claras e acessíveis a todos os colaboradores.
    O que inclui a comunicação aberta sobre contratos, benefícios, direitos e deveres, bem como a transparência sobre os processos de recrutamento e seleção.

  • Estabelecimento de relações justas

    A formalização das relações de emprego por meio da contratação de profissionais sob o regime CLT é uma maneira de garantir direitos como férias, 13º salário ao trabalhador, e ainda proteger a empresa de possíveis ações judiciais.

  • Proporcionar um ambiente de trabalho inclusivo

    Assegurar que todos os trabalhadores tenham oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento.
    Isso pode ser alcançado por meio de políticas de igualdade salarial, programas de capacitação e a implementação de práticas que favoreçam a equidade entre os gêneros e outras minorias.

As relações de trabalho são um componente vital da economia e da sociedade, refletindo não apenas as interações entre empregadores e empregados, mas também as transformações constantes no próprio mundo do trabalho.

Compreender suas diversas modalidades e a evolução histórica no Brasil é essencial para abordar os desafios contemporâneos, especialmente em um cenário de ascensão das diretrizes e práticas ESG, e se preparar para as novas formas de relação de trabalho que ainda hão de surgir.

Crédito da imagem: Freepik.com

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